Justiça da Inglaterra condena BHP por rompimento de barragem em Mariana (MG)

Idioma Portugués
País Brasil

Poucos dias após completar dez anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), a Justiça inglesa reconheceu a responsabilidade da mineradora anglo-australiana BHP pelo crime, que matou 19 pessoas e despejou mais de 40 milhões de toneladas de rejeitos no Rio Doce, em 5 de novembro de 2015. 

Segundo a sentença determinada pela juíza Finola O’Farrell, existem provas de que a empresa tinha conhecimento sobre a instabilidade da barragem de rejeitos, desde 2014, e, mesmo assim, não tomou nenhuma providência e continuou a elevar a estrutura.  A sentença também responsabiliza a BHP por poluição, desrespeitando a legislação ambiental brasileira.

Com a decisão, a Suprema Corte britânica começará, no próximo ano, a discutir quem poderá receber as indenizações, que, no total, devem representar um montante de R$ 260 bilhões.

Relembre

Dez anos se passaram desde que, às quatro da tarde do dia 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, da mineradora Samarco, localizada em Mariana (MG), se rompeu, despejando uma onda de rejeitos de minério sobre 19 vítimas, diversas comunidades, ecossistemas e meios de vida. Milhares de pessoas ainda convivem com os efeitos desse crime, que não foi sequer entendido em sua totalidade. 

A lama de Fundão contaminou o Rio Doce, atravessando dois estados, Minas Gerais e Espírito Santo, em um rastro de destruição que chegou ao oceano Atlântico. Apesar das milhares de vítimas atingidas, dos incontáveis danos ambientais e dos diversos processos abertos nacional e internacionalmente, até a definição da Justiça inglesa, ninguém havia sido responsabilizado criminalmente, sejam pessoas físicas ou as empresas envolvidas. 

Incluída na unidade industrial de Germano, a barragem de Fundão, localizada no distrito de Bento Rodrigues, a cerca de 35 km de Mariana, se rompeu em decorrência, ao que tudo indica, de dois pequenos tremores de terra próximos à localidade. Ainda há discussão se seriam tremores naturais ou causados pelos próprios reservatórios. 

Especialistas e estudos técnicos indicam que a Samarco, empresa responsável pela barragem, de propriedade da mineradora  brasileira Vale S.A. e da anglo-australiana BHP Billiton Brasil Ltda., sabia do risco de rompimento. Segundo o Ministério Público, houve negligência por parte da empresa e a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) chegou a recomendar que fossem feitos reparos na estrutura da barragem de Fundão, antes do rompimento.

Após o rompimento, o Ministério Público Federal (MPF) moveu um processo criminal contra Samarco, Vale, BHP e 22 pessoas físicas envolvidas. Porém, o julgamento, que acabou em 2024, resultou na absolvição de todos os réus em primeira instância, a partir da conclusão de que “não foi possível estabelecer nexo causal individual suficiente para condenação”.

A ação na Inglaterra é conduzida pelo escritório internacional Pogust Goodhead e é fruto da movimentação de pessoas atingidas que acionaram a Justiça britânica. Essa é a primeira decisão que responsabiliza formalmente uma das empresas envolvidas no crime. 

Outro lado 

À imprensa, a BHP afirmou que irá recorrer da decisão e disse que tem compromisso com o processo de reparação ao crime em curso no Brasil.

- Editado por Ana Carolina Vasconcelos.

Fonte: Brasil de Fato

Temas: Minería

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