Método impediria contaminação de plantações normais por genes modificados
Volta à tona - em nova variante e com roupagem ecológica - a semente estéril Exterminador do Futuro (Terminator), criada para impedir sua própria reprodução. Agora a promessa é uma semente fértil, mas que não possa cruzar com outra variedade.
Tudo para insistir, com novas justificativas, na tecnologia que substituirá as patentes sobre as variedades de plantas
Cada vez que alguém quer vender uma poção para emagrecer em uma semana, ou que afirma que "preocupações ambientais podem ser resolvidas de forma simples", é preciso abrir o olho. A questão econômica aqui não é a que a matéria apresenta (supostamente para evitar a contaminação não intencional); o interesse real é impedir que concorrentes passem genes de uma variedade para outra.
David Hathaway
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Método impediria contaminação de plantações normais por genes modificados
Temendo a disseminação de plantas geneticamente modificadas em cultivos de áreas próximas, uma equipe de cientistas desenvolveu, na América do Norte, um sistema preventivo, que, esperam, ajudará a proteger a agricultura normal
Na pesquisa, uma equipe canadense inseriu inicialmente um gene visando a impedir que as sementes de uma planta germinassem, embora a planta tenha tido crescimento e produção de sementes de uma forma normal.
Em seguida, os cientistas cruzaram essa planta com outra que teve um gene adicionado para reprimir o gene inserido na primeira planta.
O resultado desse cruzamento foi uma planta com sementes viáveis, que poderiam continuar a se propagar indefinidamente, através de um processo de autopolinização.
Mas, quando essas plantas foram cruzadas com plantas normais de tabaco, os dois genes inseridos artificialmente se separaram e as sementes resultantes não cresceram.
O novo sistema de prevenção, desenvolvido por uma equipe chefiada por Johann P. Schernthaner, do Centro de Pesquisas sobre Cereais e Oleaginosas de Ottawa, no Canadá, foi o tema de uma reportagem na edição da revista Proceedings of the National Academy os Sciences, na Internet.
Embora o sistema tenha sido desenvolvido para tabaco, Schernthaner disse acreditar que será aplicável à maioria das colheitas, mas com a ressalva de que os "componentes genéticos envolvidos teriam que ser acessados caso por caso".
O cientista acrescentou que o estudo mostra que a "contenção de genes modificados é possível em um cenário agrícola", acrescentando que as "preocupações ambientais podem ser resolvidas de forma simples".
Doug Gurian-Sherman, diretor de biotecnologia no Centro para a Ciência no Interesse Público, dos Estados Unidos, disse que existem "prós e contras nisso".
Sherman enfatizou, no entanto, que essa é uma tecnologia que deve ser explorada como uma forma de evitar o "deslocamento" de genes.
Questão econômica
O cultivo de plantas modificadas geneticamente vem crescendo nos Estados Unidos, onde o Departamento da Agricultura estima que 38 por cento do milho plantado neste ano e 80 por cento da soja serão variedades alteradas geneticamente.
Enquanto os consumidores norte-americanos parecem, geralmente, aceitar os alimentos com modificações genéticas, os europeus têm dúvidas em relação a seus efeitos sobre a saúde.
Uma moratória da União Européia à importação desses produtos norte-americanos já está em vigor há quatro anos.
Devido a essa medida, os Estados Unidos deixam de exportar, anualmente, 300 milhões de dólares em milho.
A proibição européia desperta temores, nos Estados Unidos, quanto à possibilidade de polinizações cruzadas com plantas em campos contíguos, o que inviabilizaria a exportação de produtos agrícolas norte-americanos.
(Com informações da Associated Press)