No dia Mundial do Meio Ambiente, o jovem Lucas Araujo aponta que o “Nosso Campo é Possível”
A exploração do meio ambiente é uma constante na história do Brasil. Desde o início da colonização, há 500 anos, até os dias atuais, nossa terra é vista como um produto que deve ser expropriado e exaurido, numa ação que alcança e fere aqueles que não coadunam com este modo de vida. É determinante reconhecer o meio ambiente como parte indissociável da vida humana, pois é nele que produzimos nossa identidade de sujeito, organizamos o meio e ele a nós mesmos.

Na poesia camponesa encontramos a resistência ao projeto colonizador desumano e a humanização do sujeito que busca trocar com a terra, em vez de explorar. A poesia “Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA”, do companheiro Valter Israel da Silva, apresenta questões centrais desse sujeito: “Somos gente que planta […] Gente que enfrenta […] Gente abandonada pelos governos […] Gente odiada pelos representantes do agronegócio burguês, somos gente! […] Somos agentes de transformação da sociedade”.
Este, e os outros trechos não citados, apresentam o camponês que passa dias a fio no campo, enquanto disputa contra as forças políticas do seu território, por acesso a direitos básicos que assegurem uma vida digna e sua permanência no campo, ele ocupa o espaço de um agente político e constrói a viabilidade do seu modo de vida frente ao capital.
A poesia nos apresenta um racha. De um lado, a crença de que as transformações sociais virão pela mão camponesa, enquanto o outro lado crê no afastamento do trabalhador. Na centralidade deste outro lado está o burguês a serviço do capital, com suas mãos que concentram a exploração de terras, que tocam o horizonte de ponta a ponta, sem espaço para a vida humana.
O ódio contra o camponês nasce ao perceber que é ele quem dirige as transformações da sociedade e não se acovarda com a exploração, e essas transformações não são resultado, mas o início de sua articulação, o resultado é a libertação das amarras do capital.
Isto se distancia de idealizações, mas sim é a história da luta de classes, da semente do MPA. Em 1996, em meio a uma crise econômica e social, de uma seca histórica e da apatia dos sindicatos nasce a mobilização histórica pela agricultura camponesa, a semente que é plantada com cinco acampamentos da seca organizados em janeiro e fevereiro do mesmo ano, reunindo cerca de 25 mil pequenos agricultores, floresce nos confins do Brasil e nas lutas dos camponeses. É pensando no cultivar junto ao nosso meio e não na exploração, que surge o MPA.
Após a noite de desolação posta pelo capitalismo, chegará o dia do poder popular, para projetar e proteger o campo que queremos. Neste dia do Meio Ambiente, dia simbólico para vidas de lutas, reforçamos que a história do MPA comprova que é possível lutar, e a reforma agrária do nosso campo conquistar!
Nosso Campo é Possível
A luta camponesa é a luta pelo meio ambiente
Por Lucas Araujo – Coletivo Estadual de Comunicação do MPA Bahia
“Não será em vão
Nossa rebeldia
Nascerá um novo dia
Fruto da Revolução”
Hino do MPA