O novo império: gigantes e multinacionais produtoras dos transgênicos

Idioma Portugués

Nós testemunhamos o nascimento de um novo império, onde a arma não é de fogo, mas simplesmente um poder financeiro das multinacionais produtoras dos toxicantes milho e algodão Bt e soja RH

Sobre o artigo de Marcelo Leite, publicado na “Folha de SP”, o fato de no Brasil terem cientistas destacados que nasceram no exterior não diminui o crédito do nosso país em suas obras científicas.

Muito pelo contrário, essa é uma evidência de que as nossas condições são favoráveis à ciência e o nosso clima democrático faz as suas potencialidades mentais florescerem e frutificarem.

Muitos deles imigraram, procurando uma vida digna que faltou em seus países. Alguns foram perseguidos por razões políticas e ideológicas, e o Brasil forneceu tudo o que eles precisavam. O cientista, assumindo a sua lealdade à nova pátria, retribui para o Brasil o que ele lhe deu.

Há ainda argumento do nosso eminente colunista da Folha sobre o artigo do prof. Teixeira que foi excluído da lista de publicações da Cell, após ter sido publicado, sem que a revista fornecesse dados experimentais convincentes.

A revista desta maneira negou crédito que o brasileiro merecia, como fruto de trinta anos de trabalhos bem sucedidos e mundialmente conhecidos.

Não é a primeira vez que isso acontece. Três anos atrás, a revista Nature fez a mesma coisa, excluindo da sua publicação um artigo do cientista da Universidade de Berkeley, David Quest.

O seu trabalho comprovou a contaminação do milho no México, que é o seu centro de origem, pelos genes do milho transgênico. Antes do trabalho de Quest, não havia comprovante do fluxo de genes transgênicos ao milho nativo, e muito menos publicação em uma revista referenciada com porte tão grande como a Nature.

As gigantes e multinacionais produtoras dos transgênicos não aceitaram a publicação.

O resultado: a revista mandou retirar o artigo da sua lista de publicação (para se publicar um artigo na Nature normalmente de cada série de 20 trabalhos submetidos apenas um é selecionado para julgamento. Desses selecionados, somente um artigo em cada 15 será aprovado para publicação).

Baseado nisso, imaginamos o significado do que a Nature fez ao cancelar artigo do Quest, após ter passado por tanto filtro. Não só isso, mas o pior é que o editor da Nature foi demitido!

Marcelo Leite, eminente colunista e ex-editor da página de ciência da Folha, fala ainda sobre a falta de brasileiros premiados por Nobel ou por um premio do seu gabarito.

Não acho que esse fato diminui o mérito cientifico dos cientistas brasileiros. Todos nós sabemos como a politicagem pressiona nesses prêmios! Jean Paul Sartre rejeitou o premio Nobel, pois não recebera quando precisava.

Na área ambiental e de produção de alimentos, vimos um prêmio Nobel incentivando o uso do milho bt e da soja HR. Sem eles o mundo morrerá de fome! Assim ele disse.

Zâmbia e seu presidente e presidentes de outros paises africanos, que negaram a intoxicação de seus povos são ignorantes e ingratos, disse ele!

Havia um brasileiro indicado para um prêmio mundial, do qual esse senhor presidia a sua comissão julgadora. Tendo passado por todas as etapas da seleção, inclusive a sua indicação de premiação relatada como fato consumado pela revista oficial do Centro Internacional IDRC, faltando somente o anuncio da comissão organizadora.

Mas ficou claro que um elemento novo entrou em cena e impediu a sua premiação. Como o trabalho tratava de manipulação de biodiversidade, isto seria admitir que a alimentação mundial poderia ser melhorada sem técnicas transgênicas, o que não era de interesse.

Basta lembrar que o aumento da proteína no milho até apenas 15% do seu conteúdo protéico, por meios transgênicos, rendeu o premio a dois cientistas. Porém, o aumento da proteína até 100% do seu conteúdo protéico por meios não transgênicos em outra cultura não foi suficiente para a premiação.

Nós testemunhamos o nascimento de um novo império, onde a arma não é de fogo, mas simplesmente um poder financeiro das multinacionais produtoras dos toxicantes milho e algodão Bt e soja RH.

Nagib Nassar é professor titular de Genética da UnB. Texto enviado pelo autor ao “JC e-mail”:

Fuente: JC e-mail 2876, de 17 de Outubro de 2005.

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