Via Campesina protesta contra universo transgênico na COP 8

Idioma Portugués
País Brasil

As comitivas oficiais dos países que participam da COP-8 (8ª Conferência Internacional sobre Diversidade Biológica) e que têm em suas mãos o poder de decidir o futuro da biodiversidade foram recebidos sob vaias na manhã desta quinta-feira (30) no Expotrade, por cerca de 800 trabalhadores e trabalhadoras da Via Campesina

Os manifestantes defenderam durante o ato a proibição do cultivo de árvores transgênica e a manutenção da moratória à tecnologia Terminator. Os camponeses protestaram também contra a decisão da juíza substituta de Paranaguá, Giovanna Maia, que concedeu nesta semana liminar contra o governo do Paraná, exigindo que o Porto de Paranaguá seja liberado para exportação de transgênicos.

Cledecir Zucchi, da coordenação da Via Campesina e do MPA (Movimento de Pequenos Agricultores), explica que “a mobilização é importante para mostrar que o povo está atento, vigilante, e acompanhando todo processo de negociações em conjunto com as organizações não governamentais”.

Silvia Ribeiro, do grupo ETC do México, que participou do ato ao lado da Via Campesina, expõe o que está em jogo na COP-8 e o papel que a Via Campesina cumpre na hora das decisões tomadas na conferência.

“Com o apoio dos Estados Unidos, que não participam das negociações, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, estão tentando introduzir tecnologias transgênicas. A intervenção e pressão da Via Campesina e dos movimentos, juntos com as organizações de todo mundo, como da África e Ásia foram muito importantes parta barrar isso”.

A iniciativa da Via Campesina tem por objetivo sensibilizar ministros do Meio Ambiente dos países que participam da reunião em relação a realidade dos trabalhadores rurais, que mostraram que dependem da natureza para garantir a sobrevivência no campo.

“Espero que possamos chamar atenção deles [ministros] sim, porque eles também são humanos, deveriam estar preocupados com a vida, com as pessoas. Esperamos que entendam nossa luta e nossa preocupação com a natureza. Valorizamos aquilo que traz a vida, e não a morte”, disse Noeli Taborda, da direção do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC).

Nesse sentido, Ribeiro destacou a importância da mobilização popular em torno das causas que dizem respeito a vida do trabalhador, e sua importância política para as discussões em torno do meio ambiente. “A mobilização aqui é um precedente muito importante para a intervenção da luta popular dentro das Nações Unidas. A mobilização é uma coisa inusitada. O mundo real, os camponeses e a suas lutas vão direto para o plenário da COP-8. Os delegados não podem ficar só falando de questões científicas que interessam somente às grandes empresas. A diferença das outras COPs é que nessa tem a presença dos povos do mundo real que vão ser os mais afetados caso essas tecnologias sejam aprovadas”, afirmou.

Dirceu Pelegrino Vieira, da coordenação da Via Campesina, reforça a bandeira defendida pelos movimentos sociais. “Todos estão mobilizados para protestar contra a imposição das florestas transgênicas. Isso é importantíssimo para que as autoridades percebam que não estão representando a vontade do povo. A força do povo organizado vai mostrar que queremos outro tipo de vida e de cultura ambiental que garantam a reprodução das espécies e a sustentabilidade do planeta”.

BOLETIM DA VIA CAMPESINA
Direto da COP-8
Curitiba - PR
30 de março de 2006

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