Brasil

"Seja como for, tanto no caso do trigo GM como no das máscaras, observamos avanço/primazia de interesses individuais sobre coletivos, com as instituições perdendo credibilidade e a democracia crescentemente ameaçada".

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNbio) adiou a análise sobre liberação comercial e de importação do trigo transgênico. A avaliação estava na agenda do órgão nesta quinta-feira (10). A previsão é que o item volte à pauta da reunião de 5 de agosto. A subcomissão setorial permanente das áreas vegetal e ambiental ainda não decidiu a respeito, o que deve acontecer em 4 de agosto. 

Como pode haver tanta produção agrícola e, ao mesmo tempo, tanta fome no país? Enquanto o agronegócio festeja e alardeia seu novo recorde de produção, esta pergunta ecoa nas panelas vazias e nos dados sobre a situação alimentar da população brasileira. De acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto de Pandemia da Covid-19 no Brasil, 19,1 milhões de pessoas passaram fome e 55% não se alimentavam adequadamente no final de 2020. Ao mesmo tempo, o agronegócio brasileiro comemora produção histórica de grãos e crescimento de 5,7% do volume produzido nesta safra (2020/21), comparado à anterior.

Estudo inédito apresentado pela pesquisadora Larissa Bombardi ao Parlamento Europeu alerta que também deve aumentar o desmatamento da Amazônia se acordo com Mercosul sair.

CTNBio tem conduzido o processo sem garantir participação das organizações e transparência. Liberação configuraria forte ameaça para saúde, meio ambiente e economia. 

Gustavo Grobocopatel é sócio da maior produtora de soja e trigo da Argentina e fez parte da diretoria da empresa responsável pelo desenvolvimento da variante geneticamente modificada; CTNBio deve se reunir nesta quinta-feira para discutir a liberação.

Aprovação do trigo transgênico no país configura ameaça para saúde, meio ambiente e economia, apontam organizações. Em ofício entregue ao MPF e à CTNBio, elas denunciam falta de transparência e de participação popular no debate sobre o tema.

Carta abierta del Colectivo Trigo limpio: científicxs autoconvocadxs por la salud y el ambiente

Nos encontramos a días de que una decisión tomada por un gobierno extranjero pueda marcar irremediablemente el destino de la soberanía alimentaria de nuestro país. En octubre de 2020, a través de una carta firmada por 1400 investigadores e investigadoras de distintas formaciones y especialidades, pertenecientes a 35 universidades e institutos de investigación de todo el país, hicimos pública nuestra preocupación por la aprobación del trigo transgénico HB4.