Brasil: Governo inicia capacitação de técnicos em sementes tradicionais

Uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente irá permitir a preservação de variedades crioulas de milho, feijão e mandioca nos cinco biomas do país

(MMA) - A criação dos Centros Irradiadores de Manejo da Agrobiodiversidade (Cima) irá permitir a capacitação de técnicos e lideranças de assentamentos de reforma agrária que funcionarão como multiplicadores, compartilhando as técnicas com membros da comunidade e de outros assentamentos.

No primeiro momento serão capacitados 350 técnicos e lideranças, beneficiando diretamente 5,5 mil famílias nos assentamentos, mas estima-se que outras 35 mil famílias em assentamentos vizinhos serão beneficiadas. Os assentamentos escolhidos para sediarem os Cima devem estar situados em área central de um conjunto, facilitando a multiplicação das informações, e terem algum tipo de experiência na área ambiental.

As variedades crioulas são espécies tradicionais cultivadas por comunidades tradicionais, como povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas e agricultores familiares. Essas variedades têm grande variabilidade genética e são melhoradas pelas comunidades e adaptadas às suas condições socioculturais e ambientais. A adaptação das sementes ao clima local garante maior produtividade.

Os primeiros nove centros serão implantados em São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul, Paraná, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte e um englobando Goiás e Distrito Federal. Na Amazônia, o único previsto está no Maranhão, já uma área de transição com Cerrado e Semi-Árido.

O assessor da Diretoria de Conservação da Biodiversidade do MMA, André Stella, informa que o projeto, além de garantir a conservação das sementes, irá proporcionar segurança alimentar, geração de renda e promoverá a inclusão social. "É uma ótima maneira de preservar a biodiversidade e também de garantir a autonomia dos agricultores, que poderão produzir suas próprias sementes", disse Stella.

O projeto tem linhas temáticas que abrangem o resgate, o melhoramento participativo e o cultivo de sementes crioulas; manejo, cultivo e boas práticas de manipulação de plantas medicinais; manejo agroextrativista sustentável; produção em sistema agroflorestal e manejo e produção animal alternativo.

O cultivo e manejo das plantas medicinais não tem, inicialmente, como objetivo a geração de renda. A idéia é valorizar e garantir a manipulação correta de plantas cultivadas tradicionalmente em quintais para a fabricação de remédios caseiros. As famílias irão aprender a finalidade de cada planta, as dosagens corretas e evitar a contaminação.

Link padrão MMA, Brasil

GTA, Internet, 11-10-04

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