Brasil: Greenpeace reage à licença para pesquisa, apoiando produtos sem transgênicos

O Greenpeace reagiu ao anúncio do primeiro licenciamento ambiental para pesquisa de transgênicos - semente de mamão resistente a pragas - com o apoio a mais produtos já no mercado que não contêm organismos geneticamente modificados (OGMs)

A empresa Ducôco enviou documento à organização ambientalista, em São Paulo(SP), comprometendo-se com a não utilização de matéria-prima e derivados transgênicos. Enquanto isso, no Rio, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciava ontem (25) o primeiro licenciamento de área de pesquisa com produtos transgênicos no país. O pedido de licença foi feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com sementes modificadas do mamão, na estação de Cruz das Almas, na Bahia. O objetivo é que a planta se torne resistente ao vírus da mancha anelar, transmitida pelo pulgão. O anúncio foi feito durante almoço da ministra com empresários da Câmara de Comércio França-Brasil, no Rio, quando os empresários queiseram saber a posição da ministra, que disse não ser contra nem a favor, mas prefere o princípio da precaução. Logo em seguida, o Greenpeace reagiu dando publicidade ao novo produto que passa a integrar sua lista de orientação ao consumidor. Segundo os ativistas da organização não governamental que luta para manter o país livre dos transgênicos, mais de 70% dos brasileiros preferem produtos livres de organimos geneticamente modificados. A nota do Greenpeace diz que a "Ducôco é a mais nova integrante da lista verde do Guia do Consumidor do Greenpeace", pois "a empresa enviou, na última quinta-feira (21) um documento à organização comprometendo-se com a não utilização de matéria-prima e derivados de transgênicos. A Ducôco utiliza ingredientes derivados de soja e milho em alguns produtos de sua linha de achocolatados, sobremesas em pó, sucos e refrescos, e sobremesas especiais. O comprometimento de mais esta empresa comprova que é possível que as indústrias de alimentos garantam produtos livres de transgênicos no Brasil. A indústria que não adota o controle está desrespeitando a vontade do consumidor que prefere alimentos livres de transgênicos", declarou Tatiana de Carvalho, da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace Brasil. O Guia do Consumidor, publicação do Greenpeace que já está em sua segunda edição, é composto por duas colunas: na coluna verde estão os produtos de empresas que garantiram ao Greenpeace não utilizar transgênicos, e na coluna vermelha estão os produtos de empresas que não oferecem esta garantia. "Este guia é a única referência no país para as pessoas que desejam evitar o consumo de transgênicos. Embora a rotulagem de alimentos que contém mais de 1% de transgênicos seja obrigatória, ainda não há fiscalização efetiva suficiente, e algumas indústrias não estão cumprindo a legislação", afirmou Tatiana. Todos os produtos listados no Guia contêm algum derivado de soja ou milho. Até hoje, os dois únicos transgênicos já encontrados em alimentos industrializados à venda no mercado brasileiro foram derivados desses dois tipos de grãos." A organização ambientalista está expandindo suas atividades para acompanhar de perto as ações do governo nas áreas estratégicas para o meio ambiente. (Veja também www.greenpeace.org.br, www.embrapa.gov.br).

Vía Ecológica, Internet, 26-8-03

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