Brasil, Paraguai e Argentina falham em defender direito à terra, critica Assembléia Guarani

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A mesma luta pelo direito à terra que levou à morte, há 250 anos, o líder guarani Sepé Tiaraju, ainda mobiliza os indígenas.

Em documento divulgado nesta terça-feira (7), ao final da Assembléia Continental Guarani, os índios afirmam que assim como no Brasil, o Paraguai e a Argentina também falham em reconhecer o direito à terra dos indígenas.

O texto afirma que, no Brasil, a Constituição de 1988 reconheceu o direito indígena à terra e mandou demarcar todos os territórios indígenas em cinco anos, mas falta muito a ser feito. Segundo o documento, apenas 40% dos territórios indígenas foram demarcados e homologados.

No caso Argentino, a constituição federal também reconhece o direito à terra, mas falta vontade política para ações concretas. As constituições provinciais, por exemplo, não reconhecem os direitos indígenas. Por causa disto, 75% dos territórios ainda não estão reconhecidos e titulados, afirma o texto final da Assembléia.

No Paraguai o que acontece, segundo os guaranis, é que a maior parte dos territórios indígenas são insuficientes e não reconhecidos. De acordo com o documento, esta situação causa a migração de famílias indígenas para cidades paraguaias, brasileiras e argentinas. "Muitos invasores que se apropriam de nossos territórios indígenas no Paraguai são empresários brasileiros, gerando uma situação de profunda injustiça e miséria, que nos faz lembrar a violência colonial", afirmam os guaranis no texto.

Segundo um dos organizadores do evento, Mario Karaí Moreira, o encontro serviu para que as lideranças indígenas de todos os países conversassem e refletissem sobre seus problemas. "Foi um ato importante, porque conseguimos reunir várias lideranças guaranis, como as da Argentina e as do Paraguai. As discussões e as reflexões feitas foram muito boas. Pela primeira vez, após a morte de Sepé Tiaraju, sentimos que o coração guarani está forte", concluiu. Ele afirmou ainda que os índios estão organizando um encontro no próximo ano que deverá acontecer no Paraguai.

Desde o último sábado (4), cerca de 1,2 mil lideranças indígenas guaranis vindas de oito estados brasileiros, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai se reuniram em São Gabriel (RS) para lembrar os 250 anos da morte do líder indígena Sepé Tiaraju e o massacre de 1,5 mil índios guarani que lutaram contra a dominação espanhola e portuguesa na região.

Ambiente Brasil, Internet, 7-2-06

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