Brasil: Requião pede que Lula não se dobre as multinacionais

Requião: "O Ministério da Agricultura quer empurrar a transgenia garganta abaixo do Paraná"

Curitiba - O governador Roberto Requião criticou o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, na IV Feira de Sabores do Paraná, aberta na noite de quarta-feira, no Parque Barigui. "O Ministério da Agricultura se transformou numa espécie de vendedor de agrotóxico, que quer empurrar a transgenia garganta abaixo do Paraná", disse o governador, referindo-se à posição que o ministro vem adotando com relação aos transgênicos e também à decisão do Supremo Tribunal Federal, que suspendeu a Lei Estadual 14.162, que proíbe o plantio e a comercilização de transgênicos no Paraná.

Requião fez um apelo ao presidente Lula para que ele atenda aos interesses do país, não se dobrando aos interesses da Monsanto e das multinacionais. "A própria medida provisória do governo federal nos permite proibir os transgênicos no Paraná, mas é preciso que o Lula puxe a orelha do Roberto Rodrigues", desabafou.

A luta contra a transgenia ganhou o apoio de Valter Bianchini, secretário da Agricultura Familiar, que veio para a abertura da feira representando o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto. Ele destacou a importância da posição do Paraná, que busca ser um território livre de produtos geneticamente modificados. 'Quero demonstrar nosso respeito às várias lutas do governador contra os poderosos, em especial contra os transgênicos. Pregamos um trabalho com produtos de qualidade, que convivam bem com o meio ambiente, então, estamos juntos, admirando muito o que o governador tem dito", afirmou.

Requião, Bianchini e o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Orlando Pessuti, assinaram na abertura da feira um termo de convênio que prevê um repasse de R$ 1,5 milhão do governo federal para o fortalecimento da agricultura familiar em zonas rurais empobrecidas no Paraná. Também foi assinado um protocolo de intenções para a implementação de ações de apoio a agroindustrialização da produção da agricultura familiar. Agricultura

Liminar não impede fiscalização

A Secretaria da Agricultura continua com seu trabalho normal de fiscalização de sementes e grãos de soja nas barreiras e nas lavouras em todo o Estado. A decisão do Supremo Tribunal Federal, suspendendo a Lei Estadual que proíbe o plantio, manipulação, transporte e comercialização de produtos geneticamente modificados, não altera em nada as medidas adotadas pelo Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária (Defis).

Para o secretário Orlando Pessuti, a sentença do STF atrapalha, mas não vai modificar a posição do Paraná com relação às medidas adotadas para tentar conseguir o certificado de área livre de transgênicos. "Os testes de transgenia vão continuar sendo realizados, pois temos que separar os diferentes tipos de soja que estão sendo plantados no Paraná", afirmou.

Depois de controlar a entrada de caminhões nas barreiras que fazem divisa com outros Estados, de reforçar as equipes que analisam o produto, e de limpar o Porto de Paranaguá, onde um silo continha 62 mil toneladas de soja transgênica, os técnicos do Defis prosseguem fiscalizando armazéns e comerciantes em todo o interior.

Segundo o diretor do Defis, Felibesto Baptista, já foram fiscalizados 4,4 milhões de sacas, e 2.628 comerciantes receberam a visita dos fiscais. "Como existem 1.990 cadastrados, significa que alguns comerciantes foram fiscalizados mais de uma vez", explicou. No Paraná, existem cerca de 100 mil lavouras de soja, e 2.398 já tiveram amostras coletadas, mas até agora a Secretaria da Agricultura não encontrou nenhum organismo geneticamente modificado.

A meta, até o início da colheita (abril/maio) é coletar mais de 100 amostras, tanto dos grãos, como raízes e folhas de soja.

Agrolink, Internet, 12-12-03

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