China rejeita terceiro carregamento de soja do Brasil

A China, maior comprador de soja do mundo, rejeitou pela terceira vez um carregamento de soja brasileira, alegando que o produto estava contaminado com um produto químico prejudicial, afirmou uma fonte da indústria nessa segunda-feira

Um funcionário chinês em Xiamen confirmou que a China rejeitou o carregamento que chegou em Zhangzhou, no sul do país.

O navio Eleftheria saiu do porto de Santos no dia 14 de abril e o lote pertence à Cargill Agrícola. O embarque, que continha cerca de 61 mil toneladas de soja brasileira, foi o terceiro carregamento a ser rejeitado devido à suposta presença de uma variedade de fungicida. O primeiro carregamento foi encontrado em abril em Xiamen e o segundo no porto de Huangpu.

A lista de fornecedores proibidos por tempo indefinido de comercializar a soja brasileira tem aumentado e inclui a unidade brasileira da Cargill. Na quinta-feira, o Ministério da Agricultura brasileiro prometeu aumentar os controles sanitários sobre os carregamentos de soja. O país enviou recentemente à China um funcionário sanitário para analisar o problema com autoridades do país asiático.

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Fonte: Reuters, 31/05/2004

Ministro da Agricultura critica rompimento de contratos de soja com a China

Natuza Nery

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou ser "inaceitável" o rompimento de contratos de venda de soja para China em razão dos registros de fungicida em alguns carregamentos. Técnicos do ministério da Agricultura devem definir até o fim da tarde novos critérios sanitários para os embarques do produto a partir do Brasil.

"Nós não queremos rompimento de contratos. O que o governo brasileiro tem de fazer é garantir canais de exportação com a qualidade desejada pelo país comprador", disse Rodrigues nessa segunda-feira, em teleconferência com jornalistas brasileiros. O ministro está no Japão, depois de ter ido à China com a comitiva brasileira.

"Agora, se existem regras no mundo que podem ser flexibilizadas, vamos ver o que é possível fazer nessa direção", acrescentou o ministro.

Traders em Hong Kong afirmaram nesta segunda-feira que a maioria dos fornecedores internacionais de soja suspendeu o carregamento de navios com soja da América do Sul para a China devido à crescente insegurança em relação ao pagamento do produto e a complicações na área sanitária.

No fim de semana, um terceiro navio com soja brasileira foi embargado pelos chineses. Uma fonte do setor na China disse à Reuters que o carregamento foi rejeitado depois que foram encontradas nove sementes com fungicida misturadas a 61 mil toneladas de soja.

Traders especulam que a rigidez fitossanitária imposta pelos chineses tenha a ver, na verdade, com a situação financeira pela qual passam os esmagadores do país, que concluíram as compras quando os preços e o frete estavam elevados e agora enfrentam restrição de crédito e baixa demanda interna por farelo.

Germano Rigotto, governador do Rio Grande do Sul, Estado que tem sido o mais afetado pelas ações chinesas, também insinuou que o país esteja recorrendo a um subterfúgio.

"Existe uma guerra comercial por trás de situações como esta, na tentativa de forçar uma queda nos preços internacionais da soja", afirmou no domingo, segundo o site oficial do governo gaúcho.

"Se existem manobras tendo em vista baixar os preços, a única coisa que eu posso dizer é que é inaceitável qualquer rompimento de contratos", disse Roberto Rodrigues, ressaltando, contudo, que este seria um "assunto da área privada".

Agrolink, Internet, 1-6-04

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