Ecologistas denunciam Brasil
Numerosos ambientalistas criticaram o Brasil por tentar bloquear as iniciativas para impor uma rotulagem rigorosa aos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), como reclama a União Européia (UE) e os países desenvolvidos
"É escandaloso que um país que assinou o protocolo - o Brasil -esteja bloqueando as negociações neste momento", afirmou aos jornalistas o porta-voz da organização de defesa do Meio Ambiente Greenpeace, Eric Gall, durante a primeira conferência sobre o protocolo de Cartagena de biossegurança, que se celebra em Kuala Lumpur até sexta-feira. No encontro, estão sendo debatidos os riscos potenciais desses organismos e as regras para sua comercialização.
Gall afirmou que enquanto a imensa maioria dos países que assinaram o protocolo quer que os produtores de OGMs detalhem o rótulo destes produtos, o Brasil se colocou ao lado dos Estados Unidos e do Canadá, que não assinaram a convenção das Nações Unidas. "Estamos longe de atingir um acordo devido a esta atitude do Brasil", disse Gall, acrescentando que a posição dos países sul-americanos poderia minar toda a negociação porque as decisões são tomadas a partir do consenso.
Ainda que os Estados Unidos não tenham assinado o protocolo, ratificado por 86 países e a União Européia e que entrou em vigor em setembro de 2003, o país ainda exerce muita pressão para suavizar ao máximo as normas de rotulagem desses produtos. O assessor científico do Greenpeace, Doreen Stabinsky, afirma que o Brasil parece ter-se convertido no último membro do grupo de Miami, dirigido por Estados Unidos que, segundo ele, bloqueia um tratado razoável sobre os OGMs.
"O Brasil está adotando a posição do Grupo de Miami na questão da documentação", afirmou. "O Brasil diz que basta a etiqueta "pode conter OGMs", disse Gall criticando o fato de o país estar a favor de suavizar os requisitos.
Gall também acusou os Estados Unidos de tentarem enfraquecer o protocolo assinando acordos bilaterais. Washington assinou um acordo com o México, que ratificou o protocolo, para que alivie os requisitos de rotulagem dos OGMs, segundo Gall.
Os Estados Unidos são os principais produtores de plantações de OGMs no mundo e têm um contencioso com a UE na Organização Mundial do Comércio, na qual se queixa do embargo de fato praticado pelos Quinze à importação e à plantação dos alimentos geneticamente modificados. O protocolo de Cartagena foi aprovado em janeiro de 2000 em Montreal. (AFP)
Paris diz que EUA não cumpre protocolo de Montreal
A ministra francesa de Ecologia, Roselyne Bachelot, acusou os Estados Unidos de terem "dado marcha à ré" no cumprimento do protocolo de Montreal, acordo internacional para a proteção da camada de ozônio ratificado por Washington. Depois de lembrar que os EUA rejeitaram somar-se ao protocolo de Kyoto sobre o clima e à convenção sobre a biodiversidade da ONU, Bachelot acusou Washington de "dar marcha à ré inclusive nos acordos que ratificaram, como o de Montreal".
"Condenamos esta atitude", assegurou a ministra da Ecologia durante uma sessão na Assembléia Nacional (Câmara de Deputados).
No último mês de novembro, durante a reunião de acompanhamento do protocolo de Montreal em Nairóbi, os EUA ameaçaram deixar o acordo se não lhe permitissem superar a porcentagem máxima autorizada de bromuro de metileno, substância contaminante que é utilizada como pesticida.
O protocolo, assinado em 1987 e ratificado por 184 países, estabelece o abandono progressivo da produção e uso de substâncias nocivas à camada de ozônio, entre elas o bromuro de metileno, que deveria ser extinto nos países industrializados em 2005. (AFP)
WWI-Worldwatch Institute / UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica, Internet, 29-2-04