Gasoduto de Bush na amazônia peruana vai enriquecer seus contribuintes de campanha

O jornal The Independent, da Inglaterra, traz hoje (30) em sua edição de capa um furo de reportagem mostrando os riscos à floresta amazônica representados pelos interesses do complexo petrolífero-militar do presidente norte-americano, George W. Bush

O respeitado The Independent mostra como Bush está
"buscando fundos" para fechar um acordo com o governo e empresas do Peru, destinado à construção de um gasoduto que cortaria a selva amazônica peruana até a costa do Pacífico. O jornal traz foto de destruição da floresta pelas obras já em andamento. Até aí, mais um grave problema ambiental na América do Sul, como já se conhece no Brasil com os gasodutos da Petrobras. Mas o que seria um negócio antiecológico vira um escandâlo quando o jornal britânico denuncia que as empresas americanas que se beneficiarão do empreendimento são exatamente aquelas ligadas ao financiamento de campanha da suspeita eleição de George W. Bush - inclusive duas texanas, onde a família tem interesses, e uma ligada diretamente ao vice-presidente Dick Cheney, entusiasta das intervenções militares. A manchete de capa é "Bush, a floresta e um gasoduto para enriquecer seus amigos", como subtítulo "Plano enriqueceria corporações contribuintes da campanha de Bush", dando a entender que as próximas eleições americanas também seriam impactadas pelos novos arranjos no mundos dos financiadores de campanhas do Partido Republicano. As beneficiárias diretas seriam duas companhias energéticas do Texas com "fortes laços com a Casa Branca" - Hunt Oil and Kellogg Brown & Root (KBR)- bem como uma subsidiária da antiga companhia de Dick Cheney, a Haliburton, que já ganhou contrato para reconstruir instalações petrolíferas no Iraque ocupado. O furo do jornal deve aumentar a reação contra projetos do governo peruano que têm forte impacto sócio-ambiental, envolvendo destruição de florestas, remoção de populações e desaparecimento de restos da cultura indígena do país, inclusive com assassinatos de lideranças ambientalistas e sindicalistas. Além disso, o anúncio vai provocar fortes reações anti-americanas no Peru e na América Latina, já que um empreendimento deste porte teria função estratégica para os EUA, que ficariam menos dependente do petróleo árabe e poderia garantir o abastecimento pela costa oeste (California). O gasoduto pode se transformar num poliduto, de maior diâmetro, capaz de transportar petróleo se necessário. Se o negócio for fechado, significaria também aumentar a possibilidade de maior presença militar norte-americana na selva amazônica, para defender os interesses de suas empresas. Seria mais um fator de preocupação para o governo brasileiro e de outros países vizinhos, com a crescente presença americana na região amazônica (assessores e verbas americanas já mantêm posições na Colômbia a pretexto de combater a guerrilha das Farc). Nos últimos dias a imprensa peruana anunciou o recrudescimento da repressão contra o grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, que teria voltado a agir na região de Ayacucho. A volta de reação armada pode ser uma resposta a avanços na aliança peruano-americana na estratégica área petrolífera. Várias organizações ambientalistas internacionais, como Friends of Earth e Amazon Watch já demonstraram que o impacto sobre a biodiversidade da selva amazônica e da região costeira, onde há reservas protegidas, não compensa o ganho econômico para o Peru. (Veja também www.friendsofearth.org, www.amazonwatch.org e consulte a matéria do jornal britânico em http://www.independent.co.uk/ e ).

Vía Ecológica, Internet, 30-7-03

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