Paira sobre Cancún a espessa bruma do interesse transnacional, acusam ativistas

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A Mãe Terra está morrendo devido ao saque dos capitalistas; as geleiras do Illimani estão desaparecendo e em pleno verão há um frio de inverno. É a mudança climática, clama Gabino Apata Mamani, do Conselho Nacional de Ayllus e Markas do Qullasuyu

 

A reportagem é de Matilde Pérez U. e está publicada no jornal mexicano La Jornada, 05-12-2010. A tradução é do Cepat.

 

O indígena da região boliviana de Oruro, acompanhado por Severa Condori, chegou de improviso até a exposição fotográfica montada pela Oxfam fora do palácio municipal de Cancún. E afirmou: Eles, os capitalistas poluem tudo, por isso os animais morrem, há muita seca; estão nos saqueando.

 

Alguns dos habitantes desta cidade param para olhar as fotografias, escutam a guatemalteca Aria Sandoval, que fala da perda de 60% das plantações em seu país devido às fortes e torrenciais chuvas e às secas; atendem a Martha Luz Vázquez, cafeicultora chiapaneca, que conta que em Chiapas os rios estão secando, os ventos destroem as plantações e fala de como buscam, com cultivos alternativos, produzir hortaliças e renovar os cafezais.

 

Muito distantes, física e politicamente, da reunião oficial sobre a mudança climática, os participantes de cerca de 30 organizações internacionais e outro tanto de associações mexicanas que responderam à convocação da Via Campesina, Assembleia Nacional de Afetados Ambientais, Sindicato Mexicano de Eletricistas e Movimento da Libertação Nacional, dizem que chegaram até esta cidade turística para denunciar como os governos facilitam ao grande capital a destruição dos recursos naturais e para manifestar seu descontentamento com a proposta de reduzir em uma porcentagem ínfima as emissões de dióxido de carbono.

 

Sabemos que na COP 16 muitos continuarão a fazer grandes negócios de costas para a sociedade mundial, garante Alberto Pascual, integrante da delegação da Guatemala, que refere que Chiapas está militarizado; temem os indígenas porque sabem que nós resistimos mais de 500 anos e estamos dispostos a defender a Mãe Terra.

 

Olegario Carrillo, coordenador executivo da União Nacional de Organizações Regionais Camponesas Autônomas, menciona: “Estamos aqui para multiplicar as nossas vozes frente aos governos que se negam a tomar decisões responsáveis para frear a crise do clima, para ver como paira sobre Cancún a espessa bruma do interesse das transnacionais”.

 

Une-se às vozes dos múltiplos participantes que insistem: estamos dispostos a lutar por nossas vidas e a tecer soluções.

 

Em outro fórum, Asier Hernando, responsável regional de agricultura e recursos naturais da Oxfam na América Latina, considera que a geopolítica “faz com que as pessoas mais pobres e vulneráveis do mundo sejam esquecidas. Em Cancún as perguntas centrais continuam sem resposta”, concluiu.

 

Instituto Humanitas Unisinos, Internet, 6-12-10

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