Tem Veneno Nesse Pacote #2

Por IDEC
Idioma Portugués
País Brasil

Estamos lançando a segunda edição da pesquisa, com o mesmo método científico e uma metodologia de testagem de agrotóxicos similar, mas desta vez analisando ultraprocessados de origem animal, como carnes e leites. Os resultados não foram diferentes. Desta vez, descobrimos que 60% dos ultraprocessados de origem animal analisados contêm resíduos de agrotóxicos.

Em 2021, publicamos dados sobre um teste inédito no Brasil: queríamos saber se existiam e quais os resíduos de agrotóxicos estavam presentes em alguns dos ultraprocessados mais presentes nas mesas dos brasileiros. Para além dos riscos já bastante conhecidos relacionados ao consumo den ultraprocessados, relacionados a um aumento na prevalência de doenças crônicas como as cardiovasculares, diabetes e câncer entre a população, descobrimos que 59,3% dos produtos analisados apresentaram resíduos de pelo menos um
tipo de agrotóxico.

Como organização que luta diariamente pela garantia do direito à alimentação adequada e à saúde, além do direito à informação, é nosso dever expor tal situação, alertar a sociedade e cobrar por regulação, monitoramento e fiscalização adequados por parte dos órgãos reguladores, melhores políticas públicas por parte do executivo e legislativo, e também respostas e as medidas cabíveis por parte da indústria. Mas, também, sentimos que era nosso dever não parar por aí — os dados revelados são fundamentais para decisões informadas e conscientes.

Foi então que entendemos a necessidade de fazer uma segunda fase de testes. Agora, nos concentramos em alguns dos ultraprocessados feitos com base em carne e lácteos mais consumidos pelos brasileiros.

Os impactos do consumo de ultraprocessados, que estão entre os principais contribuintes para a atual epidemia de DCNTs (doenças crônicas não transmissíveis), já foram amplamente discutidos no primeiro volume do Tem Veneno Nesse Pacote, bem como as consequências nefastas do uso de agrotóxicos, tanto para a saúde pública quanto para o meio ambiente. Neste segundo volume, a abordagem de produtos derivados de carne e leite permite- -nos somar ainda um “nó” para essa “teia” de riscos: a produção industrial e o consumo excessivo de produtos de origem animal é um dos principais fatores levando à crise climática, que, se não for contida, terá efeitos desastrosos que ameaçam a vida no planeta.

Nossas descobertas foram mais uma vez chocantes: foram encontrados agrotóxicos em 58% das amostras, 14 dos 24 produtos analisados, e não houve uma só categoria de produtos derivados de carne sem resíduos de agrotóxicos. Em um exemplo simbólico, encontramos um coquetel de resíduos — cinco agrotóxicos! — no empanado de frango (nugget) Turma da Mônica, da Seara, o que nos choca ainda mais, já que se trata de um ultraprocessado com apelo direto às crianças, o que para nós do Idec já é por si só uma prática inaceitável.

Muitas pesquisas anteriores e inclusive o próprio programa de monitoramento da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) identificaram agrotóxicos em frutas, legumes e verduras in natura, e até na água, o que pode induzir o consumidor a pensar que esses alimentos são menos seguros do que os ultraprocessados. Essas duas pesquisas realizadas pelo Idec vêm, então, para desbaratar de uma vez por todas essa percepção errônea e para cobrar que o governo, por meio dos ministérios competentes, que: i) priorize e realize o monitoramento, a fiscalização, e a ampla divulgação dos resultados das testagens de resíduos de agrotóxicos em alimentos de forma frequente e contínua, e que ii) expanda as análises para incluir os ultraprocessados. Consequentemente, que crie políticas públicas que favoreçam escolhas alimentares mais saudáveis e sustentáveis.

Esperamos que essas descobertas possam contribuir para o debate sobre a necessidade de mudança nos sistemas alimentares, além de representar uma virada significativa — e, de acordo com os últimos relatórios divulgados pelo IPCC/ONU (Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas1) e do Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutricional (FAO/ONU), urgentes — na forma como nos relacionamos com a indústria alimentícia e o agronegócio.

- Para fazer o download do arquivo (PDF), clique no link abaixo:

Veja o volume nº 1 aqui

Fonte: Instituto de Defesa do Consumidores -IDEC

Temas: Agrotóxicos, Salud

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